É maldade dizer que Amy Lee é uma espécie de Axl Rose de saias. Como o líder do Guns N' Roses, a cantora do Evanescence promove um rodízio de músicos em seu grupo, embora sem a mesma rotatividade da famosa banda de hard rock."Não chamaria Evanescence se não fosse a mesma banda. As músicas novas combinam com os hits", defende Amy, em entrevista a jornalistas em um hotel no Rio.
"Estamos mais fortes do que nunca. Cada um tem seu estilo, seu sabor... Somos uma banda com cinco dimensões. É como começar de novo. Somos o Evanescence, não apenas a Amy."
Desde 2007, o Evanescence mantém a mesma formação, que pela primeira vez gravou um disco. Os guitarristas Terry Balsamo e Troy McLawhorn, o baixista Tim McCord e o baterista Will Hunt trabalharam com Amy no CD "Evanescence", com lançamento previsto para o dia 11 deste mês.
"Só são dois membros 'originais' [ela faz o sinal de aspas com os dedos]. Eu e Ben [Moody, guitarrista que saiu em 2003]. Eu escrevo desde os 14 anos... Sempre tive minha mente aberta, quero tentar ter uma banda cada vez melhor. Gosto de ter novos integrantes, novas personalidades. Se não fosse por eles, não teríamos a sonoridade de agora. O disco é fruto do trabalho de todos, não só do meu. Eles são grandes músicos", enaltece.
A apresentação do Evanescence será a primeira da nova turnê e toma como base o terceiro disco da banda. "Foi uma longa jornada para várias direções. Escrevi um pouco sozinha, mas no final do processo senti que éramos uma banda. Sempre aparece a pergunta 'Por que demorou tanto para lançar?', mas não é assim que deve ser tratada qualquer tipo de arte, seja pintura, música...", justifica a cantora. O novo disco tem a responsabilidade de manter o sucesso de "Fallen" (2003) e "The open door" (2006), que venderam juntos mais de 20 milhões de cópias em todo mundo. "É uma ruptura, como 'Open door' em relação a 'Fallen'. Agora temos três discos para escolher músicas, as decisões estão começando a ficar difíceis. Antes faltava e a gente tocava umas covers. Não vamos mais fazer isso."
Músicos vêm e vão, mas permanecem as letras de Amy. Para ela, são "como um diário". "Eu gosto da minha privacidade, mas minhas letras são bem pessoais. Eu nunca diria aquelas coisas em uma conversa. Precisaria ser com amigos, e depois de tomar taças e taças de vinho. Isso é estranho. As músicas representam minha vida em um nível profundo. Acho que meus fãs entendem isso."
O Rock in Rio 2011 vive seus últimos momentos na noite deste domingo com as atrações finais. A terceira banda a se apresentar na Cidade do Rock no dia derradeiro foi o Evanescence. O grupo levou ao Rio de Janeiro o que tinha de melhor no quesito reportório. Apesar de não conseguir sacudir a plateia, o carisma e o vocal potente de Amy Lee foram pontos positivos, apesar de a cantora desafinar em algumas partes agudas. Talvez a banda tenha sido muito prejudicada por tocar logo antes do System of a Down, uma das mais esperadas nos últimos anos no Brasil. Na reta final, Amy conseguiu finalmente emocionar e mostrar tudo o que sabe. Mesmo assim, não o suficiente para contagiar a plateia.
Evanescence faz show burocrático e se salva com carisma de Amy Lee
A primeira música foi "What you want". Antes de cantar "Going under", Amy disse que estava com saudades do Brasil e foi muito aplaudida. Um dos principais momentos da apresentação da banda aconteceu em "The Other Side".
"Weight Of The World" veio na sequência e não agradou tanto. Já "Made Of Stone" fez a preparação para o momento de maior emoção na apresentação. Era chegada a hora de "My Immortal", talvez a canção que mais fez a plateia vibrar e cantar. "My Heart Is Broken", do novo CD, também não foi capaz de animar.
Amy Lee foi para o piano em "Your Star", agradando novamente com sua perfomance. Mesmo assim, um público apenas atento e sem fazer grandes manifestações. Em "Sick" ela voltou pra frente da banda para liderar mais uma canção. Em "The change", talvez o melhor momento de Amy com o microfone. A cantora soltou a voz de forma perfeita e parecia muito envolvida, conseguindo passar emoção para a plateia.
E ela parecia ter engrenando a partir da segunda metade. Em "Call me when you're sober", outro momento de inspiração e força vocal, assim como em "Imaginary". Em seguida foi a vez de outro grande sucesso. "Bring me to Life" foi outro momento apoteótico de Amy no palco, com outra ótima interpretação. Nessa, parte do público foi com ela, marcando o fim da apresentação.
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